sábado, 5 de dezembro de 2020

A Morte do Superman

É verdade que ultimamente estou um pouco afastado dos quadrinhos, mas meu sentimento com relação a eles ainda é bem grande.

Tirando as clássicas histórias da Turma da Mônica durante a infância, só entrei mesmo de cabeça na minha semi-nerdice com os quadrinhos de super-heróis. Acho a Marvel e a DC totalmente equivalentes, mas houve uma HQ específica que acabou me levando mais pro lado da DC: A Morte do Superman, que por sinal foi uma das primeiras histórias de super-heróis que li na vida.

Foi a edição da Abril que li, publicada aqui em novembro de 1993. Eu já conhecia o Super, é claro, mas minha única referência até então eram os filmes com o Christopher Reeve, reprisados incessantemente – graças a Deus! – na Sessão da Tarde.  Assistidos hoje em dia, o terceiro e o quarto filme são vergonhosos, mas quando se é um pirralho, você simplesmente adora tudo aquilo.

Eu só tinha uma vaga ideia de que o Super era, na verdade um personagem dos quadrinhos. Tanto que, quando li A Morte do Super-Homem (aqui no Brasil ele só passou a ser chamado pelo seu nome original em inglês no ano 2000), minha mente sempre se voltava à figura de Reeve. Parte disso se devia também ao fato de que o principal desenhista do personagem na ocasião, Dan Jurgens, fazia um Superman bem parecido com o do cinema – ao menos na minha cabeça. Tanto que, mesmo hoje, ainda tenho Jurgens como um dos meus desenhistas favoritos do Super.

A história em si, por incrível que pareça, é bem simples. De algum lugar remoto na América do Norte, surge do solo uma criatura humanoide com apetite por destruição e morte.  Essa criatura começa a vagar, matando toda forma de vida que cruza seu caminho. Como ainda está numa região de bosques, as primeiras vítimas são animais, de pássaros a cervos. No entanto, nem mesmo as árvores são poupadas. Acaba virando questão de tempo até a criatura chegar numa área urbana, onde começa a atacar com violência carros e caminhões numa auto-estrada. Logo, um grande incêndio tem início.

A Liga da Justiça – na época formada por Gladiador Dourado, Besouro Azul, Máxima, Fogo, Gelo, Guy Gardner e pelo misterioso Bloodwynd – é chamada e, ao chegar no local, se preocupa em apagar o incêncio e em dar assistência aos feridos. As testemunhas relatam terem sido atacadas pela tal criatura.

Comparada a várias outras formações da Liga da Justiça de antes e, principalmente depois dessa época, o time nessa ocasião era relativamente fraco. Embora Superman fizesse parte da equipe, raramente ele era visto com eles, muito disso pela influência do empresário Maxwell Lord na equipe. Os outros dois pesos-pesados da editora também estavam de fora – Mulher-Maravilha e Batman - que estava envolvido com seus próprios problemas durante a saga A Queda do Morcego.

O roteirista Dan Jurgens havia “herdado” essa formação da Liga do autor Keith Giffen, que tinha tido uma fase lendária escrevendo as histórias da equipe, recheadas de bom humor. Daí a ausência dos personagens mais sérios, embora Jurgens já houvesse começado seu processo de reformulação - a presença do Superman na equipe fazia parte desse processo.

Enquanto a Liga lidava com os problemas em Ohio, Superman estava em Metrópolis dando uma entrevista aos estudantes do país no programa de Cat Grant. O programa é interrompido para uma notícia de última hora – o problema do monstro – e o Super decide ir ajudar.

Enquanto isso, a Liga vai atrás da criatura e a encontra com relativa facilidade. Em pouco tempo, a equipe é massacrada como nunca havia sido antes: basicamente TODOS os personagens ficam fora de combate. O Besouro Azul fica à beira da morte e Máxima – à contragosto – é obrigada a abandonar a batalha e leva-lo ao hospital. Somente Gelo permanece em pé e tem a ingrata tarefa de perseguir a criatura sozinha.

A história corta para um tranquilo conjunto habitacional. Um filho adolescente tem uma discussão rotineira com sua mãe quando Gelo atravessa a janela da cozinha; havia sido arremessada pela criatura, que começa também a destruir a casa. Pouco tempo depois, Superman chega, ao lado de Gladiador Dourado – que extra-oficialmente apelidou a criatura de Apocalypse (Doomsday, no original).

Aos poucos, os demais membros da Liga chegam ao local, mas estão todos bastante feridos. Com a ajuda de Superman, chegam a fazer um ataque conjunto contra Apocalypse, mas o monstro mal sente os efeitos. Sem muita dificuldade, derrota de vez a Liga da Justiça e Superman deve lidar com a criatura sozinho pelo resto da história.

A história dos bastidores de como a ideia de matar o Superman foi concebida é curiosa. No comecinho dos anos noventa, as vendas das HQ’s do Superman não estavam em seus melhores dias e, pra aproveitar o sucesso da série Lois & Clark: As Novas Aventuras do Superman, a ideia era casar o personagem com sua eterna amada Lois Lane, coincidindo com o que ia acontecer na televisão. No entanto, o seriado acabou tomando outro rumo – o casamento seria adiado – e a equipe criativa do Super nos quadrinhos ficou meio sem saber o que fazer. A ideia de “matar” o Super surgiu na reunião como brincadeira, mas eles decidiram levar a coisa pra frente. No entanto, o apelo da história seria algo como "o mundo sem o Superman" mas nenhum deles esperava pelo estrondo que a nóticia iria causar. Quando fizeram a anúncio de que o Superman iria morrer, o assunto foi tema de reportagens de revistas, jornais e televisão - incluindo o nosso glorioso Fantástico. 

É um dos eventos mais bombásticos da história dos quadrinhos e pra mim tem um apelo especial por ter contribuído tanto pra minha relação de consumidor não só da nona arte, mas também da cultura pop em geral.

Por aqui, se você quiser adquirir as edições brasileiras, precisa procurar pelas edições da Abril (meio raras mas ainda possíveis de serem encontradas em sebos virtuais ou físicos), da Panini (dois volumões que incluem também as histórias posteriores à morte do personagem) ou a mais enxuta, da Eaglemoss – que não menciona os desdobramentos da morte do personagem. Nos links abaixo há mais detalhes de cada uma delas.

A Morte do Super-Homem (editora Abril, 1993)

A Morte do Super-Homem (republicação, editora Abril, 1995)

A Morte do Superman (minissérie em 3 edições, editora Abril, 2002)

A Morte do Superman (dois encadernados, Panini, 2009 - 2010)

DC Comics - Coleção de Graphic Novels nº24 (Eaglemoss, 2016)

A Morte do Superman (dois encadernados, reedição, 2016)

Se ficou em dúvida sobre qual edição procurar, um dia desses achei um video excelente comparando as edições da Abril e as da Panini (com spoilers).

Pessoalmente, eu prefiro as da Abril. São mais completas, com menos cortes dos editores. 

Boa sorte na procura e divirta-se!

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